quinta-feira, 14 de março de 2013

A liberdade de ir e vir

A trajetória de José Serra é algo muito interessante de se observar. Tem entre suas virtudes, o tecnicismo e a competência que aqueles que conhecem a TEORIA – angariada em horas extensas de preparo acadêmico – utilizam para viabilizar a resolução das questões práticas, na área a qual está sob a sua responsabilidade.
O arrojo intelectual do ex-governador de São Paulo é concretamente inatacável, visto que quando não possui o conhecimento profundo, procura atualizar-se com as novas metodologias de enfrentamento da situação, cercando-se de reais especialistas – como no caso da Saúde, quando atuou como Ministro da pasta, recebendo láureo pelas batalhas vencidas, mui especialmente no que toca ao tratamento dos portadores de H.I.V.
O José Serra técnico, responsável, solidário e aguerrido patrono das ações públicas de qualidade conquistou um eleitorado respeitável e consciente. Entretanto, existe outro José Serra. Um que produz reverberações muito negativas no anterior. Um que é intrinsecamente egocêntrico e, principalmente, teimoso.
A partir da derrota em 2010, ele saiu das citações elogiosas de seus admiradores – onde se deixaram levar mais pela paixão do que pela análise dos atos tomados durante a campanha – para um “quase” linchamento social. Atrelado a isso, os mais próximos entusiastas do PSDBista se viram “abandonados” em uma guerra partidária, onde ambas as partes bradavam ovações em prol da nação.
De quem verdadeiramente é a culpa deste cenário de orfandade? Existe culpado? Ninguém o é?... Ou todos são?
Sopesando friamente, o reflexo do “bico” do tucano foi o ponto de partida para a vitória de Fernando Haddad no pleito pela Prefeitura de São Paulo, a capital financeira da América do Sul. Isto é um FATO e não apenas um "achismo" originado em manchetes de jornais.
Eleitores de cunho sério, que atuaram na campanha nacional pró-Serra, reiteradas vezes reclamaram do viés supressivo do candidato e, também, de seu “marqueteiro”.
Reza a lenda que ele achou de somenos importância a herança de  Fernando Henrique Cardoso, quando gestou o país. Aliás, como o herói grego, com essa decisão demonstrou a todos o calcanhar a ser atingido: o orgulho. Com a justificativa de não viver sob a “sombra” de FHC, soçobrou as ações benéficas da gestão do ex-presidente - e  amigo - ao fundo do baú, vontade acatada pela maioria do colegiado de seu partido, registre-se.
Charge: SPONHOLZ
Em sua baixa intelectualidade, mas impressionante perspicácia populista, Luís Inácio Lula da Silva abocanhou para si e seu governo a autoria dos projetos implantados pelos PSDBistas.
Agora, os membros do alto escalão do tucanato – além de muitos eleitores pelas redes sociais – dão clara manifestação de cansaço as atitudes individualistas de José Serra e seus asseclas. Assim, não é surpreendente ler (supostas) declarações de que ele pode migrar a outro partido. O motivo, dizem os mais próximos e alguns "arautos do saber", é não pretender dar qualquer apoio a candidatura do escolhido da maioria dos membros do PSDB para o pleito de 2014: o Senador mineiro, Aécio Neves da Cunha.
Verdadeiramente, não condeno a atitude do paulista. Todavia, é bom lembrar que "quem constrói a própria fogueira, tem mais é que se queimar e sozinho". Como diz o adágio popular:
"É mais respeitado um inimigo declarado, do que um falso amigo."
Constitucionalmente, é um DIREITO que ele tem de fazer o que bem entender e o que lhe for mais benéfico. A isso se chama LIBERDADE DE IR E VIR. Entretanto, quando se participa de uma competição democrática, a vontade da maioria DEVE sempre ser respeitada e, portanto, prevalecer. E, mesmo que preterido como candidato do partido a eleição de 2014, é inegável a contribuição que ele pode dar para o engrandecimento da nossa nação, quando como Ministro da Saúde de FHC.
Muitas vezes - deve-se ressaltar -, pela dita “liberdade”, muitos fazem guerra, se revoltam, rompem paradigmas, sem se importar com as devidas consequências. É bom José Serra não esquecer a lição de Lèon Tolstoi:
“Não alcançamos a liberdade buscando a liberdade, mas sim a verdade. A liberdade não é um fim, mas uma consequência.”
Ele tem uma decisão a tomar. Ele tem liberdade para isso. Apenas é sempre bom lembrar que o reflexo da decisão pode gerar uma desordem. E tolerar a desordem é consequência de uma educação falha. E é aí que reside a mantença da ausência de crescimento econômico e humano do Brasil.
Agora é aguardar para saber qual a verdadeira cor da bandeira de José Serra: vermelha ou verde- amarela!

Até apróxima!


6 comentários:

  1. Excelente abordagem vizinha. Na minha modestíssima opinião, não só Serra, mas Alckmin e Aécio mereciam um treinamento intensivo com o papa Francisco no quesito humildade e negação das vaidades pessoais. As três derrotas presidenciais e a prefeitura de São Paulo foram fruto da arrogância e prepotência dos membros do partido.

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    1. Obrigada pela réplica certeira do comentário, querido cacique. O trio que oras cita possuem um viés mais catedrático. E torna-se impossível mascarar o pedantismo acadêmico. Entretanto, abaixo do verniz, como seres humano somente, têm qualidades que em muito podem contribuir com o país e, principalmente, com o povo, mas é necessário e urgente que saiam do gabinete, que comecem a vivenciar - este é o termo mais correto, acredito - a vida nada fácil que o povo mais humilde e carente enfrenta, seja no socorro aos desvalidos, seja na dura realidade.
      Enfim, o debate está aberto!

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  2. Lamentavelmente, a grande maioria dos nossos homens públicos não sabem o que significa ser "público"... Seus egocentrismos, suas vaidades, se sobressaem ao espírito de equipe que deveria nortear sua ações e decisões, visando o bem comum da Nação.
    Na Palavra de Deus, que creio verdadeira e soberana, o real "Manual do Fabricante", #EstáEscrito "Um reino subdividido contra si mesmo não subsistirá !" Este joguinho de orgulho ferido esta fadado ao fracasso .
    Reconheço capacitação no José Serra, mas creio que o seu tempo para assumir o executivo já passou. Se quisermos ter chance de derrotar a corja petista , temos que unir forças em torno de um nome que transmita segurança,espírito inovador, esperança de novos tempos...Que dê ao povo uma nova perspectiva, uma liderança que arraste multidões. Só assim poderemos enfrentar a popularidade do populismo dos lulistas.
    Se este nome será Aécio, não sei, mas que não pode ser o Serra, é fato! Com este acúmulo de derrotas, sem chances! Ninguém mais aposta em azarão!
    Parabéns pelo texto !! Grande abraço !

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    1. Bravo, Inez!
      E a rota de colisão com a coerência que o Governador de Pernambuco, Eduardo Campos, vem tomando é digna de registro. De "fiel escudeiro nordestino" de Lula, passou a defensor por interesse financeiro de Dilma e, agora, pra construir uma plataforma para rechear o currículo pessoal, cospe no prato que comeu (e ainda come).
      A parte mais pútrida que nos vêm das manchetes dos PIG's e JEG's é a dança das cadeiras de José Serra. Por três vezes, imperou a vontade dele. Agora, não se resigna em ser GRANDE, quer ser ÚNICO.
      Resta saber quem vai ser o novo José Sarney em conchavos, o novo Fernando Collor em arrogância e os satélites dos nomes de hoje, uma vez que já tem FILHOS DA pocilga dos caciques começando a voar alto.
      Só discordo de uma parte, o nosso povo adora apostar em azarão. Afinal, corrupto legalmente deveria vencer APENAS pela exceção.
      O registro triste é que o povo permanece enriquecendo apenas os colhedores de capim, pois o rebanho só aumenta na omissão e cumplicidade.
      Grande beijo, amiga!

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  3. Querida Hilda

    Em 2009 qdo entrei no Twitter e comecei a colocar minhas opiniões falava sempre das Penas dos Pavões que deveriam ser recolhidas p um Bem Maior. A fogueira da Vaidade está nos 2 lugares: familiar e profissional. No familiar pode-se tomar decisões intempestivas, se arrepender e tudo parecer voltar ao normal. No profissional necessita de muita reflexão de ambos os lados e qual grau de humildade será necessário para alcançar objetivo em comum. Difícil chegar a bom termo quando muitos desejam o mesmo espaço, lugar e projeção pq a tendência será sempre de divisão.

    Bjs

    Marisa Cruz

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    1. Marisa, teu comentário é o outro lado da mesma moeda.
      A impressão de que quanto maior a amplitude do reflexo de uma ação, maior é o leque de opções que causam a divisão de um grupo.
      Apesar disso, acredito que fica mais real o ponto de inserção ou divergência. Muito mais facil de identificar.
      Quando o bem comum é o elo, pode haver brigas, xingamentos e intempéries tão naturais nos relacionamentos internos. Contudo, quando a forca motriz é o holofote, aí a vaidade, o egocentrismo, a autoria pessoal, o mister do EU toma conta. A partir daí, nada mais será socialmente útil, ou produtivo.
      Obrigada pela tua opiniao e nunca, mas nunca mesmo, deixe de exercer esse direito, pois é nosso dever - mesmo apanhando ou sendo copiados - tentar enriquecer o debate social.
      Grande beijo, amiga.

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Uma maneira diferente de exercer a CIDADANIA!
... Agradecemos pela manifestação. Assim que possível, a mesma será liberada e/ou respondida.
... Thanks for the demonstration. As soon as possible, it will be released and / or answered.
... Gracias por la demostración. En cuanto sea posible, se dará a conocer y / o contestadas.

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